O ceratocone é uma distrofia não inflamatória, na qual a baixa rigidez do colágeno corneal permite que a córnea sofra abaulamento e afinamento progressivos. Desta forma, provocando um astigmatismo irregular e afilamento do ápice, o que causa baixa visual. Por isso o nome ceratocone, que significa córnea cônica.
Na grande maioria dos casos o problema surge na adolescência, podendo evoluir, em geral, até aos 40 anos. Em cerca de 95% dos casos, a estabilização do ceratocone ocorre entre os 30 e 40 anos. A evolução do ceratocone é geralmente progressiva, mas não existe um padrão que possa ser adotado. Recomenda-se que sejam feitas visitas periódicas ao oftalmologista para que se possa fazer um acompanhamento detalhado. A origem desta distrofia é desconhecida até os dias de hoje.
O diagnóstico é realizado através de exame oftalmológico e pode ser confirmado através da Topografia Corneana Computadorizada.
O exame de Topografia Corneana Computadorizada, como o próprio nome diz, faz uma análise topográfica da superfície da córnea que nos permite obter informações quantitativas e qualitativas a respeito da córnea do paciente, através de um gráfico numérico e de cores. Com isto, além de muito ajudar no diagnóstico, nos permite um acompanhamento da evolução, forma, posição e tamanho do cone. Alguns indícios clínicos como mudanças frequentes da refração e a impossibilidade de conseguir boa acuidade visual com óculos são também dados que auxiliam na realização do diagnóstico e seguimento da evolução do ceratocone.
O tratamento do ceratocone visa sempre proporcionar uma boa visão ao paciente, bem como garantir seu conforto na utilização dos recursos que serão empregados (óculos, lentes de contato, próteses, cirurgias) e principalmente preservar a saúde da córnea. A correção visual no ceratocone depende da gravidade da doença e de suas necessidades individuais. Nos casos iniciais pode ser desnecessário o uso de correção óptica. Outras vezes o uso de óculos pode ser suficiente. As formas de tratamento mais comuns e atuais são: Lentes de Contato; Crosslinking Corneano; Anel Estromal; Transplante de córnea Penetrante e Transplante de córnea Lamelar.
Posso fazer cirurgia refrativa a laser?
De modo geral, a cirurgia a laser é contra-indicada no ceratocone por diminuir a espessura corneana e aumentar sua fragilidade. Estudos recentes sugerem a possibilidade da associação de cirurgia a laser com Crosslinking corneano para melhora visual no ceratocone.
Em casos mais brandos, inicialmente o tratamento é feito com uso de óculos, por meio da adaptação de lentes corretivas para melhorar a visão do paciente.
As lentes de contato são a primeira opção no tratamento do ceratocone moderado e avançado. As lentes de contato rígidas gás-permeáveis são as principais opções porque fornecem superfície regular, neutralizam as aberrações ópticas e as distorções da superfície corneal anterior, melhorando a visão, mesmo nos graus avançados da doença. Os avanços tecnológicos dos desenhos e materiais das lentes de contato têm permitido sua adaptação em quase todos os graus de ceratocone.
Uma das pricinpais causas de ceratocone é a fraqueza do colágeno corneano. Com este tratamento, novas ligações entre as moléculas de colágeno adjacentes são criadas fortalecendo a córnea, na tentativa de evitar a progressão do ceratocone. O tratamento consiste na aplicação de uma solução de riboflavina (Vitamina B2) sobre a superfície da córnea, a qual penetra até cerca 2/3 da sua espessura, seguida de irradiação da córnea com luz UVA.
O tratamento aumenta a rigidez corneana, fortalecendo-a e tornando-a menos maleável. Esta técnica pode ser associada ao implante de anel estromal. A função deste tratamento não é reduzir o ceratocone, mas é justamente parar a evolução, evitando a progressão do mesmo, ocasionando sua estabilização.
Indicado no estágio moderado do ceratocone, corresponde ao implante cirúrgico de anéis ultrafinos, que funcionam como um esqueleto que remodela e diminui a curvatura da córnea, tornando sua superfície mais regular. Trata-se de uma técnica reversível, sem danos à córnea e não refrativa, ou seja, após o procedimento os pacientes continuarão precisando usar óculos ou lentes de contato para melhor qualidade visual.
Indicado apenas como último recurso, em pacientes que apresentam ceratocones em estágios avançados, o transplante de córnea consiste na substituição de toda (transplante penetrante) ou de parte (transplante lamelar ou endotelial) da córnea. Apenas uma minoria dos portadores da doença necessita fazer o transplante, que embora tenha uma recuperação mais lenta se comparado aos outros tratamentos, oferece uma importante melhora no quadro. A cirurgia pode ser realizada com anestesia geral, ou sedação, ou anestesia local – dependendo da condição clínica – e o paciente recebe alta no mesmo dia.